Amor tem data de validade?

Aprendemos a andar, a escrever, a nadar, a falar… Só que quando se trata de amor, sexo e relacionamento amoroso, pensamos que tudo deve acontecer instintivamente. Pensamos que já estava escrito. Coisas do destino. Nada disso.

O amor e as relações amorosas estão presentes no nosso dia a dia a todo instante. Nas nossas vidas pessoais, de nossos amigos, nos livros, nas novelas, nas músicas… As pessoas confirmam, nas suas atitudes, a importância desse sentimento tão grande, generoso e único. Esse muitas vezes é associado à felicidade e à capacidade de alcançar sua realização plena.

O que todos desejam com este sentimento é encontrar alguém capaz de satisfazer aos nossos desejos, preencher nossas faltas, de atender nossas expectativas e necessidades. Como se o outro tivesse uma bola de cristal para ser capaz de adivinhar tudo que queremos e todas as nossas necessidades.

Somos seres de falta, todos nós. Não completos. A falta possibilita-nos movimentar, desejar, construir, de tornarmo-nos sujeitos e fazermos laços.

Laços não surgem. Eles são construídos. As relações são construções exigentes.

Necessitam de cuidados. Para que isso ocorra, cada pessoa precisa cuidar bem de si e se amar. E aí começa a relação com o amor a se complicar, pois queremos ser amado pelo outro sem primeiramente nos amar. Queremos que o outro nos conheça sem ao menos nos conhecer.

Toda relação envolve fantasias e expectativas, mas também frustrações. O que é uma relação amorosa ideal? Sabemos que não vivemos em um conto de fadas, que o percurso do ser humano é cheio de grandes obstáculos e grandes superações, mas ao mesmo tempo, temos a expectativa de um dia encontrar o (a) parceiro (a) ideal, os verdadeiros príncipes e princesas encantados (as), casar, ter uma casa linda, filhos lindos, cachorro, periquito, papagaio … e “vivermos felizes para sempre…”.

Muitos de nós estamos totalmente apegados a este modelo de felicidade, sendo que raramente, senão nunca, vivenciamos este estado pleno e eterno. Esse modelo é um ideal de relacionamento construído por nossos pais e passado toda uma vida para nós, como se existisse somente essa possibilidade de felicidade.

Muitas pessoas, em busca incessante por este modelo idealizado, trocam de parceiros de maneira exagerada. Vivemos em uma época marcada pela superficialidade das relações. As pessoas têm muito medo de se envolver afetivamente, e acabam optando por “ficar” com diversas pessoas.

Não se permitem experimentar as diferentes facetas que um encontro pode trazer, e muitas vezes, diante de uma frustração, como por exemplo, ele (a) não fez o que eu esperava, abandonam a relação, partindo para outras, que muitas vezes, continuarão repetindo isso.

A procura por tentar encaixar uma relação nos moldes do certo ou errado, pode ser fruto da necessidade que temos de construir relações estáveis e seguras. No entanto, quando perguntamos o que é amor e conseguimos uma resposta, automaticamente o amor desconstrói a resposta dada, suscitando novamente a pergunta. Esse processo muitas vezes nos leva a transcender os obstáculos que existem dentro de nós mesmos.

É importante olharmos e nos conscientizarmos de que a felicidade não é eterna, mas sim estados momentâneos. “Dar certo” não é sinônimo de “durar para sempre” no mundo atual, tal qual é idealizado por muitos de nós, mas sim, estarmos abertos para vivenciar, experimentar e nos entregar ao que o relacionamento nos oferece num dado momento. No entanto, para que isso ocorra, precisamos nos livrar deste ideal de perseguir esta perfeição, e assim, qualificarmos o “dar certo”, de outra maneira.

Desmistificando-o desta forma, podemos perceber que o término de uma relação, por exemplo, não implica necessariamente que ela não deu certo. Se este relacionamento proporcionou ao casal experiências de boa qualidade e satisfatórias por um período, que pode tanto ter sido breve, como duradouro, este relacionamento deu sim, e muito certo! E o que temos que pensar é o que vamos acrescentar a nossa vida após o termino da relação. Tudo vem para somar e para amadurecer.

Dar certo no amor é poder viver a plenitude de um encontro. Deste ponto de vista, a duração do relacionamento não tem tanta importância. É importante poder viver o momento presente com muita intensidade e alegria de viver.

Portanto, um relacionamento bem-sucedido pode durar uma vida ou uma noite, pois a plenitude de um encontro está ligada à forma como as partes envolvidas se colocam na relação. É fundamental a valorização de si. É fundamental a valorização do encontro com o outro. Um encontro no qual possamos enxergar o nosso parceiro e suas características. Esse grande encontro já é por si só gerador de diversos efeitos com cores e tonalidades das mais variadas.

Seja feliz!


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Samanta Marzano

Psicóloga clínica, grafóloga e terapeuta sexual e consultora Master Power

Faço atendimento em consultório e online ministro palestras, realizo treinamentos à empresas, apresento o Programa Dr do Sexo e exerço a função de diretora no CEDES (Centro de Orientação e Desenvolvimento da Sexualidade).

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